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O Conflito nosso de cada dia

O Conflito nosso de cada dia

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O conflito nosso de cada dia

Parece que foi ontem. Mas foi em julho de 1987.

Depois de permanecer durante cerca de dez anos em empresas multinacionais, me propus a prestar serviço de consultoria. Isto me permitiria, inclusive, continuar minhas “pesquisas de campo” a respeito do tema: Negociação.

Este tema se impôs a partir da conclusão da minha dissertação de mestrado, ao constatar que as relações pessoais na Empresa, passam pelo crivo do poder, fator que dificulta tanto a busca quanto a manutenção do equilíbrio pelos humanos.

Desde o início da industrialização no Brasil, muitas gerações destes humanos já conviveram no ambiente de trabalho, no entanto, este relacionamento ainda é caracterizado por certa dose de amadorismo, imaturidade ou desprezo pela história. Não consegui (até o momento) chegar sequer à conclusão se são somente estes os ingredientes principais e qual proporção de cada um, mas tenho visto o estrago que isto tem provocado no ambiente e nos custos das organizações.

Sendo PODER um aspecto circunstancial na existência de um indivíduo (seja este um humilde trabalhador ou um destacado proprietário de empresa), demanda cuidados especiais, na medida em que a autonomia que este tinha para definir destinos durante um período, este deixa de ter num outro momento. Portanto, a primeira dificuldade se refere à atualização das relações de poder, uma vez que ninguém influencia hoje com base na autoridade de ontem.

Outra dimensão muito importante desta questão se refere à forma como um profissional se relaciona com a sua própria autonomia para tomar decisões, ao mesmo tempo em que interage com o poder dos demais, sejam estes pares, superiores ou subordinados. Neste sentido, o perigo maior é considerar-se “dono” do poder, ao invés de seu inquilino.

Mas quando é que isto prejudica uma indústria?

Primeiramente, é preciso esclarecer: a “indústria” se caracteriza enquanto modo de produção historicamente posterior ao “artesanato” caracterizado pela autoria & marca do artesão, registrada através de algo próximo do estilo e muito distante do padrão, dando a cada peça produzida o caráter de única, apesar de não ser uma obra de arte.

Os processos industriais, essencialmente dedicados à padronização & escala, demandam a combinação de dois fatores básicos e interdependentes: planejamento & equipe; em virtude de buscarem atender a uma parcela da demanda de mercado, mediante determinados limites de preços, através da gestão de custos. Em função disto, desde o investimento no aprimoramento tecnológico até a preservação dos procedimentos necessários para manutenção e segurança, uma série de fatores se apresenta como mandatória para seus gestores. Ou seja, não cabe a ninguém questionar, por exemplo, se a manutenção preventiva é necessária ou não. Questionar este tipo de procedimento equivale a apresentar-se como “amador”.

Mas o que é planejamento?

Neste caso, se refere a um conjunto de atividades preparatórias voltadas para a entrega de produtos/serviços devidamente caracterizados, atividades estas realizadas por profissionais competentes, com base em dados criteriosamente selecionados, definindo a sequência geral dos passos a serem dados e os recursos a serem utilizados durante um período de tempo e num espaço específico. Sem alimentar a ilusão de que o futuro será uma simples repetição do passado, mas construindo um “mapa” que servirá de base para a trajetória da equipe.

Enquanto equipe remete àquele conjunto integrado de profissionais competentes, responsável pela viabilização da indústria através da elaboração do plano e da realização das ações previstas neste.

Em função disto, não há nada de “natural” na Indústria. Tudo nela é criado pelo humano. E o que é artificial depende de um sistema para a sua manutenção. (Só evite-se o engano de confundir “artificial” com “falso”.)

E a consequência disto é óbvia: onde há planejamento, há problema. Onde há equipe, há conflito.

A definição de problema no ambiente industrial remete à diferença entre o planejado e o realizado; ou entre os resultados previstos e os resultados alcançados. Em ambos os casos, é possível realizar ações paliativas (atenuando os efeitos), mas se as devidas causas não forem identificadas e eliminadas; os problemas se repetirão consumindo as eventuais margens de lucro da indústria.

O conflito, por sua vez, se apresenta na forma de diferença de opinião entre integrantes da equipe industrial, diferença esta que inviabiliza a ação coordenada desde a venda da sua capacidade produtiva até a entrega dos produtos/serviços de acordo com quesitos negociados; preservando a saúde empresarial. Se estas diferenças de opinião forem tratadas como manifestações de caprichos (preferências injustificadas) dificilmente trarão algum benefício para a organização.

Assim sendo, se problemas e conflitos fazem parte do cenário da indústria, é necessário identificar os melhores meios para superá-los; pois, somente assim, é possível aprender e se preparar para as etapas seguintes.

Eis, então, a resposta à pergunta formulada anteriormente: Quando a orientação do “poder” prejudica uma indústria?

Quando problemas & conflitos são vistos como estímulos ao desespero, justificando a caça aos culpados para que sejam punidos exemplarmente e a adoção de medidas imediatistas para camuflar seus sinais utilizando os cosméticos disponíveis.

A recomendação é evitar este prejuízo, capacitando os profissionais para prevenir e superar problemas & conflitos; de forma direta e prática, levando em conta não somente os aspectos imediatos, mas principalmente os objetivos de negócio para um futuro mais distante. Isto não costuma ser simples nem fácil, não encontrei (no entanto) até agora, meios mais efetivos para o amadurecimento de trabalhadores e gestores.

Sebá

 

 

 

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